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Na semana em que celebramos o Dia Mundial da Energia, não são poucos os desafios que se colocam no horizonte das empresas que atuam nas cadeias produtivas do setor energético. Seja na área de óleo e gás, seja no segmento de fontes renováveis, o fato é que as empresas lidam com um cenário de muitas incertezas. Quais são as possibilidades de recuperação? Para oferecer algumas respostas, nós realizamos uma pequena entrevista com João Luiz Zuñeda, diretor da consultoria Maxiquim, especializada no setor de petróleo e petroquímica. Ele falou sobre os prognósticos futuros de um dos principais atores do mercado brasileiro de energia: a Petrobras. Confira abaixo.
Quais são as perspectivas do mercado de Óleo e Gás neste novo cenário político?
Desafiador, como tudo no Brasil. Nesse cenário, temos que observar a elevação da dívida da Petrobras, os desinvestimentos e o novo presidente para entender aonde o setor vai. É uma mudança de foco na empresa e isso se reverte em novos desafios. A dívida da Petrobras é muito grande e isso tem de ser resolvido. O mercado de energia está quase como o cenário político. Só que, em algum momento, o Brasil vai voltar a crescer. E qualquer ponto que cresça já demandará um monte de energia na indústria, no agronegócio e no consumo das famílias. Mesmo quando não enxergamos bem aonde vamos chegar, há que se planejar para estar preparado para quando o país voltar a crescer. Quem não está investindo tem que se preocupar para, no futuro próximo, não ter problemas.
A Petrobras tem condições de se recuperar?
Com certeza tem condições. O Brasil tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Além disso, temos um alto potencial de crescimento no consumo de energia que outros países não têm. O grande desafio brasileiro é conectar esse mercado e a Petrobras à questão internacional dos países líderes. Não adianta o Brasil estar em um momento de crescimento com um preço de energia muito mais barato do que o que acontece no resto mundo, como ocorreu há alguns anos. A instabilidade de agora é gerada por políticas assimétricas do governo federal. Se as regras ficam mais claras e próximas das regras que valem no restante do mundo, a previsão acaba ficando mais clara também. As políticas populistas cobram a conta no longo prazo.
Quanto tempo vai levar essa recuperação?
Se a Petrobras tiver sorte; se o petróleo ficar caro; e se os executivos da empresa conseguirem reverter a situação, então acredito que a recuperação levaria de três a quatro anos. Mas nada indica que o petróleo vai chegar nesse patamar. Se não houver um cenário de petróleo em alta, não vejo isso acontecer em menos de meia década.
O governo interino acertou ao indicar Pedro Parente para a presidência da Petrobras?
Acho que sim. O primeiro passo é colocar um executivo que tenha conhecimento e que já transitou em órgãos reguladores. Mas acho que Pedro Parente terá de usar muito mais o lado de gestor privado dele para levar os debates ao maior acionista da Petrobras, que é o Estado. É só a primeira etapa e precisa fazer muito mais para que a empresa gere riqueza. Acho que o mercado vai ver de forma positiva a mudança. Logicamente, com a dívida da Petrobras e os preços mais baixos do petróleo, a pressão vai continuar. O que vai vir depois, os desinvestimentos, como fazer, o que fazer, a relação dos órgãos reguladores, só esse conjunto de ações que vai dizer como a Petrobras vai ficar.
Por Tatiana Reckziegel | República - Agência de Conteúdo